Não é à toa que a lei obriga o motorista passar a 1,5 mts de uma
bicicleta (art.201 do Código de Trânsito). Essa distância toda tem seus
motivos, embora nem sempre sejam claros para quem ainda não experimentou
usar a bicicleta no trânsito.
Este artigo tenta esclarecer ao amigo motorista o motivo para essa distância e responder a algumas dúvidas comuns a quem dirige.
A distância que protege:
Se você analisar com calma as regras estipuladas pelo Código de
Trânsito Brasileiro, perceberá que ele visa fundamentalmente proteger a
vida de quem utiliza as ruas, sejam eles motoristas, motociclistas,
ciclistas, pedestres ou mesmo carroceiros. E é nesse sentido que foi
estipulada a regra do metro e meio.
Um leve toque de retrovisor no guidão fará com que ele vire
para a direita, desequilibrando o ciclista para a esquerda e fazendo com
que ele caia na via em meio aos carros. Se o próprio carro que o tocou
não passar por cima de um braço ou perna, o que vier atrás pode passar
por cima de sua cabeça. Você, motorista, não vai querer viver com essa
culpa, certo?
E nem é preciso esbarrar no ciclista. O susto do carro muito
próximo ou muito rápido, ou até seu deslocamento de ar quando em alta
velocidade, podem derrubá-lo da mesma forma. Principalmente um ciclista
iniciante ou idoso. E é por isso que ao art. 220 do Código de Transito
Brasileiro pede que o motorista reduza ao ultrapassar uma bicicleta.
Há vários motivos para ultrapassar a uma distância segura: o
ciclista pode ter que desviar de um buraco (porque se não desviar, corre
risco de cair na via); pode ter um desequilíbrio momentâneo que altere
sua trajetória um pouco para o lado; o deslocamento de ar do veículo
pode desequilibrá-lo; o espaço para ultrapassagem pode ser mal calculado
e o retrovisor tocar o guidão.
Como cumprir se não há espaço?
Realmente não há espaço para caber a bicicleta, mais um metro e
meio, mais um carro numa faixa de rolamento. Mas a resposta é bastante
simples: basta mudar de faixa. Se não houver uma segunda faixa, aguardar
para fazer uma ultrapassagem segura, que não coloque em risco o
ciclista.
Note que o procedimento acima é exatamente o que seria
feito com qualquer outro veículo lento, como um ônibus ou caminhão, que
estivesse ocupando a faixa toda. Esses veículos ocupam mais espaço que o
ciclista, podem trafegar até mais devagar no caso dos caminhões ou
parar o tempo todo no caso dos ônibus, mas têm seu direito de circulação
respeitado. O ciclista, frágil e exposto, precisa de um respeito ainda
maior.
Lembre-se que a bicicleta, apesar de trafegar mais devagar, nao
está parada. Ela logo sairá do ponto onde está, permitindo a
ultrapassagem. Geralmente isso leva poucos segundos – um atraso
irrelevante, para proteger uma vida.
Como saber se estou a 1,5m?
A porta aberta do seu carro provavelmente ocupa cerca de 1m
além da lateral de seu carro. Imaginar uma distância equivalente a um
pouco mais que essa porta aberta pode servir como referência.
O importante não é manter exatamente 150 centímetros, medido
ali na régua, mas guardar uma distância que lhe permita evitar ser
tocado pelo ciclista no caso dele desviar sem aviso de algo que lhe
colocou em risco, ou se desequilibrar no momento em que você estiver
passando ao lado dele.
E se o ciclista estiver bem no cantinho?
Muitos motoristas rejeitam guardar a distância adequada, por
terem se acostumado a ultrapassar sem mudar de faixa os ciclistas que
trafegam colados ao meio-fio, sobre a sarjeta. Mas são justamente esses
que correm mais risco, pois o pavimento nessa área da via é muito
irregular e esburacado.
O ciclista colado ao meio-fio corre mais risco de
desequilibrar-se ou avançar para dentro da via sem aviso. Nesse caso, um
carro ocupando a faixa normalmente o derrubaria na calçada, por estar
muito próximo, sem que o motorista tenha alterado em nada sua
trajetória. E acredite isso é mais comum do que você imagina.
Por que tem ciclista que fica no meio da rua?
Trafegar junto ao meio-fio estimula ao motorista a utilizar a
mesma faixa, deixando de guardar a distância lateral mínima, por ter a
sensação de que a pista está livre e pode ser utilizada. Por isso,
ciclistas experientes ocupam a faixa, como forma de tentar fazer com que
o motorista mude de faixa para ultrapassar e ao mesmo tempo garantir um
espaço de fuga para a direita caso se sintam em risco.
Pode parecer antipático para alguns, mas é uma maneira
eficiente do ciclista garantir sua segurança. E, se o motorista já teria
que avançar para a faixa ao lado para garantir a distância lateral
adequada, na prática não causa nenhum impacto adicional na
ultrapassagem.
Divulgue e colabore com uma cidade mais humana!
Muitas das pessoas que colocam o ciclista em risco o fazem sem
perceber, porque a dinâmica de espaço entre os carros é diferente. Com
pessoas, é preciso mais cuidado: além de não ter carroceria para
protegê-las, elas nem sempre seguem uma trajetória retilínea e podem se
assustar com a proximidade de um veículo maior.
Agora que você já sabe, lembre-se disso quando passar por um
ciclista nas ruas. E explique a seus amigos. Uma cidade melhor para
todos depende de cada um de nós.
Fonte: http://www.detran.mt.gov.br/noticias/2661/saiba-mais-sobre-a-legislacao-que-protege-os-ciclistas
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